“No Brasil não se tem que se falar em avanço, o que o país precisa mesmo é de um recomeço”, analisa o advogado Severino Melo
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Em Caruaru, desde o ano
passado, o senhor declarou que tem intenção de votar no
pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro, nas eleições 2018. O
que o faz simpatizar com as ideias de Bolsonaro?
Aguardei até o quanto
pude para, enfim, apoiar um candidato a Presidente da República que
me acenasse com reais possibilidades de mudança. Não é possível
obscurecer que sou um Agente de Polícia Federal aposentado e que
antes disso fui Agente de Polícia Civil, em Caruaru, tendo
regressado a Caruaru pela PF em 2004, onde me aposentei em 2010.
Sempre fui contra ao desarmamento do cidadão brasileiro. Sempre fui
um árduo defensor da Legítima Defesa, até porquê, no meu TCC da
pós-graduação, apresentado recentemente, o título / tema foi:
Legítima Defesa: A Dubiedade Estatal de seu reconhecimento "ab
Initio", utilizando como base o meu livro: Arrastado Nu Pelo
Arame Farpado do Inquérito Policial (Editora Universitária da UFPE
/ 2005). Não vejo em outro candidato a coragem, a destreza, a
sinceridade, a anticorrupção, a moralidade, enfim, o caráter em
prol do bem, que encontrei em Jair Messias Bolsonaro. Comungo com ele
em relação ao fim do banditismo que assola ao país. Vivemos uma
inversão de valores nunca antes vista, na qual, tudo o que antes
tínhamos por certo, agora está errado. Concordo com Bolsonaro
quando ele diz que lugar de ladrão é na cadeia, entre eles os
corruptos, e todo e qualquer que perturbem a ordem social ou
infrinjam a legislação penal. Concordo com ele, ainda, quando vejo
a deturpação manifestada pela ideologia de gênero nas escolas
brasileiras. Como disse, sou um policial aposentado e vejo em
Bolsonaro o único pré-candidato que realmente defende a polícia
como instituição indispensável à ordem pública, devendo os
"bandidos" serem contidos nas circunstâncias em que se
encontrem.
O senhor é presente no
ambiente político de Caruaru, tendo apoiado candidatos a prefeito
pertencentes a partidos de extrema esquerda, como PCdoB e Psol. Houve
algum "desencanto" com o socialismo/comunismo, que o levou
a apoiar um político de direita, como Jair Bolsonaro?
Realmente procede a indagação de "quê" sempre estive na trincheira do que julgava que fosse a esquerda e que esta estaria à disposição do povo brasileiro. Ledo engano de minha parte, se é que por aqui posso fazer uma autocrítica. Sempre que escolhi um partido político foi visando não favores pessoais, até por não precisar pessoalmente, mas aquilo que estes partidos pudessem fazer pelo "povo" propriamente dito. Assim, estive no PMDB / PDT / PCdoB / PPS / PSOL / SOLIDARIEDADE e agora estou no PSL. Há um ditado popular que diz: "Nunca é tarde para ser feliz". Graças a Deus eu nunca fui "petista" e jamais o seria. Tive dificuldades no PCdoB e no PSOL pelo apoio que eles sempre ofereceram ao PT. Lamentavelmente, a luta dos partidos políticos e das suas coligações é o poder e a mantença no mesmo pelo maior espaço de tempo possível. Depois de toda roubalheira perpetrada pelo PT e seus partidos de apoio, hoje eu não tenho outra saída a não ser apoiar a volta da Educação Moral e Cívica e da Organização Social e Política Brasileira, ou então, arrumar algum lugar no exterior, deixando o Brasil, com sua sina de violência, insegurança, incerteza jurídica, corrupção sistematizada, enfim, na sua inversão de valores que nos empobrece moral, cultural, educacional, econômica e financeiramente falando.
Há muitos anos, o
senhor defende que os políticos não devem receber salário. De onde
vem esta convicção?
A dita Constituição
Cidadã de 1988 traz no seu bojo um absurdo que sempre me manifestei
contrário. Ela diz textualmente que, o Servidor Público, que na
época ainda era tratado por Funcionário Público, uma vez eleito
para o cargo de Vereador, havendo compatibilidade de horário,
poderia acumular as duas remunerações públicas. Num país no qual
campeia o desemprego receber duas vezes dos cofres públicos, se não
for ilegal, é no mínimo imoral. A mesma Constituição diz que nos
demais cargos eletivos, uma vez eleito o cidadão, ele fará opção
por um dos salários (obviamente o maior). Em qualquer das hipóteses
não vejo com bons olhos que o cargo eletivo vire um cargo
profissional. Pouquíssimos cientistas políticos são políticos
profissionais de carreira. Destarte, o mandato eletivo deveria ser
exercido como "munus" público, ação cidadã, sem efeito
profissional e sem intermináveis reeleições. A república que
penso está muito longe daquilo que vem se praticando no Brasil já
há muito tempo. Não sei os outros, mas, minha "contitio sine
qua non" é, se um dia o povo me outorgar um mandato, exercerei
sem percepção dos subsídios atinentes ao cargo e despido de
qualquer intento de reeleição.
Na sua opinião, o
eleitorado - de um modo geral - está expandindo sua consciência
política ou ainda há muito o que avançar?
Pela experiência que
tenho em disputas eleitorais desde 1996, entendo que tanto o povo
quanto os políticos decaíram não só na consciência mas também
na moral. Nunca se viu tantos eleitores e tantos "catadores de
votos" tão mercenários. O voto de consciência que deveria ser
a regra e não a exceção é o que é mais difícil de se encontrar.
Esta eleição de 2018 talvez seja de um marco "sui generis".
Será a última chance do povo brasileiro. Se acertar com os seus
candidatos (presidente, senador, governador, deputado federal e
deputado estadual) em 2019 teremos o reinício de um novo tempo.
Todavia, se a eleição for igual a dos pleitos passados o Brasil se
atolará de vez num lamaçal sem volta. O Brasil precisa se
reorganizar e isto passa por todos poderes da república. Estão
apodrecidos o Executivo, o Judiciário e o Legislativo. No Brasil não
se tem que se falar em avanço, o que o país precisa mesmo é de um
recomeço. O eleitor brasileiro não tem consciência do poder que
tem em mãos para mudar todos os quadros políticos da nação. Ele
vende, barganha, liquida, fatura, enfim, se deixa enganar por falsas
promessas e acaba votando em quem menos merece.
Existe a possibilidade
de o senhor se candidatar a algum cargo eletivo em 2018?
Até hoje eu disputei
os seguintes cargos eletivos: Vereador Recife (1996); Deputado
Estadual (1998); Vereador Recife (2000); Deputado Federal (2002);
Vereador Caruaru (2004); Vereador Caruaru (2008); Deputado Estadual
(2010) e Vice-Prefeito Caruaru (2012). Precisaria vir um fenômeno
muito forte para me demover da ideia de não mais disputar cargo
eletivo. Para este ano 2018 eu tenho um fato novo chamado Jair
Bolsonaro. Estou regularmente filiado ao PSL. Porém, ninguém pode
ser candidato de si mesmo. Quem tem as vagas para seus candidatos é
o partido. Ao filiar-me apenas ganhei o dever de votar em candidatos
do partido. Obviamente, tenho o direito de ir à convenção e me
inscrever como candidato. Mas, meu slogan é muito forte! ...
Voluntário sem salário, porque mandato não é emprego e política
não é profissão. Há quem diga que este é um slogan de
anticandidato. Mas, é coisa minha. Eu não preciso de mandato para
continuar sendo quem eu sou. Se o mandato me vier às mãos, eu não
preciso dos seus subsídios para sobreviver, pois afinal de contas, o
povo brasileiro já me paga regiamente em dia a minha aposentadoria.
Um dia a voluntariedade normalmente fará parte da política, ou
seja, o eleitor votará de graça e o eleito exercerá o mandato
também de graça. É bíblico: Dai de graça o que de graça
recebestes e, mais, ninguém consegue servir bem a dois senhores! O
mandato deverá ser exercido com dedicação exclusiva, não só para
os eleitores do candidato eleito, mas, para todos cidadãos que façam
parte da circunscrição eleitoral. Sou um soldado. Estou à
disposição do partido. Desde que eu seja aceito como sou, pensando
como penso! O cargo a disputar é importante por si e não pelo
candidato que o partido venha a indicar. Poderei até não ter uma
almejada vitória eleitoral, mas, certamente, como sempre, terei uma
vitória política!
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